Representantes dos jornalistas propuseram Luísa Meireles para presidir à Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas, mas organizações patronais insistem na nomeação de um advogado.
A Direção e o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas estão a acompanhar com preocupação o impasse na escolha da pessoa que assumirá a presidência da Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas (CCPJ). A atual situação prolonga-se há cinco meses e opõe – com votos iguais – elementos indigitados pelas organizações empresariais e patronais a jornalistas eleitos democraticamente pelos seus pares.
Os quatro representantes dos jornalistas, eleitos a 22 de janeiro, propuseram Luísa Meireles, atual diretora da Agência Lusa, licenciada em Direito e jornalista de reconhecido mérito, para a presidência da CCPJ.
“Não conseguimos entender o veto a Luísa Meireles por parte dos membros indigitados pelas organizações patronais e empresariais”, refere o Sindicato de Jornalistas, em comunicado, frisando que Luísa Meireles é “uma pessoa com uma sólida experiência, um currículo profissional e uma postura social que são garantia de seriedade, rigor e independência para o exercício das funções”.
O Sindicato considera que este “impasse” só serve para “impedir a resolução dos problemas efetivos”, e mostra a necessidade de o plenário da CCPJ “passar a ser constituído, exclusivamente, por jornalistas eleitos entre pares”.
O Sindicato diz ainda opor-se “a qualquer tentativa de extinção da CCPJ enquanto órgão regulador dos jornalistas, sob quaisquer falsos pretextos”, alertando contudo para a “necessidade urgente de dotar a Comissão de condições financeiras para remunerar as pessoas que compõem o plenário, expandir o seu quadro de pessoal, incluindo os juristas que a apoiam, e baixar os emolumentos pagos por jornalistas na renovação do título profissional”.
Os representantes das entidades patronais insistem em nomear um advogado que, segundo o Sindicato, “não possui conhecimento efetivo das reais condições do exercício da profissão de jornalista”, sendo a sua maior ligação curricular à profissão a circunstância de ter sido advogado da Associação Portuguesa de Imprensa.
A Direção e o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas condenam a tentativa de menorização dos jornalistas que significaria a escolha de um elemento estranho ao jornalismo para regulação da profissão.
“Não podemos aceitar esta tentativa de regresso ao passado, por entendermos que o órgão regulador da atividade dos jornalistas deve ser presidido por jornalistas, como sucedeu nos dois mandatos anteriores.”