Os trabalhadores da Trust in News (TiN) iniciaram esta sexta-feira, 20 de junho, greve por tempo indeterminado, “por entenderem que esta é a melhor forma de lutarem pelo pagamento dos salários e subsídios em atraso, de preservarem a sua dignidade profissional e de chamarem a atenção, uma vez mais, para uma situação que, desde há um ano e meio, ameaça a sobrevivência de mais de uma dezena e meia de títulos da imprensa portuguesa”, lê-se num comunicado divulgado pela agência Lusa.
Em plenário de 30 de maio, os trabalhadores “tinham manifestado já a sua indignação por apenas terem recebido 80% do salário de abril, em três prestações, encontrando-se os restantes 20% por pagar, assim como o salário de maio, o respetivo subsídio de refeição e alguns subsídios de férias”.
Nessa altura, tinham decidido “que, se os salários em atraso não fossem regularizados até 06 de junho, tomariam a decisão que entendessem para não continuarem a trabalhar, nomeadamente a de convocarem uma greve e/ou iniciarem o procedimento formal com vista à suspensão ou rescisão, com justa causa, dos contratos de trabalho”.
Entretanto, os restantes 20% do salário de abril foram “pagos a 13 de junho, mas em relação ao salário de maio, ao respetivo subsídio de refeição e aos subsídios de férias já em atraso, os trabalhadores não receberam uma informação clara sobre o momento em que essas remunerações seriam liquidadas”.
Ora, “com salários em atraso, impostos por liquidar e prestações da dívida ao Estado a terem de ser pagas já a partir do final do mês de junho, os trabalhadores da Trust in News temem pelo futuro dos seus títulos históricos e continuam a duvidar da existência de condições para viabilizar o plano de recuperação da empresa”.
O plano foi aprovado pelos credores “sem que, antes, se verifique a injeção de capital de até 1,5 milhões de euros que o sócio único, Luís Delgado, por diversas ocasiões, e desde há vários meses, se comprometeu a fazer na tesouraria da empresa”, lê-se no documento.
Sem essa “urgente entrada de capital, que deverá ser acompanhada de uma estratégia realista que garanta o futuro da empresa, são os postos de trabalho que estão em causa mas também a salvaguarda de títulos emblemáticos da imprensa portuguesa”, acrescentam.
“Os trabalhadores encaram também com preocupação o regresso à Trust in News de uma gerência que não soube evitar que a empresa perdesse a capacidade de pagar salários e fosse arrastada para a insolvência, destruindo valor e ameaçando um património construído ao longo de décadas por várias gerações de jornalistas e outros profissionais”, referem.
Apontam ainda que “são essas mesmas pessoas que vão agora executar um plano de recuperação que tem como medida prioritária continuar a reduzir trabalhadores”.
Os trabalhadores também repudiam “a ameaça de despedimento coletivo de até 20 trabalhadores numa empresa que, no último ano e meio, reduziu em 50% a sua força de trabalho, de forma aleatória, sem qualquer estratégia da parte da gestão, e passou a funcionar com equipas totalmente depauperadas”.