O grupo que detém títulos como o “Correio da Manhã”, o “Record” e a revista “Sábado” comunicou um despedimento com efeitos imediatos – apanhando alguns fotógrafos em serviço e outros de folga ou de férias.
O Sindicato dos Jornalistas diz ter tomado conhecimento “com surpresa e choque”, da intenção da Medialivre “proceder a um despedimento coletivo, focado nos fotojornalistas, que vai reduzir o número de trabalhadores” em órgãos como o “Correio da Manhã”, o “Record”, “Jornal de Negócios” e a revista “Sábado”.
“Anunciar um despedimento coletivo na véspera do Dia do Trabalhador, que assinala mundialmente as conquistas laborais do passado, cada vez mais deterioradas, é inqualificável”, refere o sindicato em comunicado, frisando que, “ainda por cima, sucede num grupo que diz dar lucro” e que tem Cristiano Ronaldo como acionista
O SJ considera chocante a forma como este despedimento coletivo foi comunicado aos trabalhadores: “um facto consumado, sem qualquer hipótese de diálogo, e com pressa em dispensar estes colegas”.
Com o concluir de “um dito processo de modernização e adaptação da estrutura produtiva (Projeto Alfa), que supostamente implicaria uma tranquila evolução, contando com todos os trabalhadores para o caminho de sucesso ambicionado, agora, sem aviso prévio, já há necessidade de reduzir os quadros”, acrescenta a direção do SJ.
A Medialivre diz que este despedimento se enquadra num ato de “boa gestão”, lembrando que “a empresa recrutou mais de 100 novos colaboradores para diversas áreas de desenvolvimento” nos últimos meses e que irá “reduzir até 10 postos de trabalho numa área específica onde a empresa tem recursos em excesso para a sua atividade”.
O sindicato promete “contestar por todas as vias” este despedimento coletivo, que diz configurar “mais uma estocada profunda na fotografia, uma linguagem jornalística que está a ser levada à morte por administradores e diretores de empresas de comunicação social em Portugal”, recordando que “muitas publicações conformam-se a usar fotos de propaganda das assessorias de imprensa de câmaras municipais, clubes de futebol e agências de comunicação, numa perfeitamente clara incompatibilidade entre publicidade, assessoria e o exercício do jornalismo”, e outras “exigem fotos de telemóvel a redatores ou imagens amadoras do público”.