Antónia de Sousa (1947-2025)

A jornalista Antónia de Sousa, que iniciou carreira no Diário de Lisboa em 1966 e foi presidente da Casa da Imprensa, morreu esta quinta-feira, 15 de maio.

“Houve um tempo, não muito distante, em que as poucas mulheres que queriam ser jornalistas, eram doutrinadas em sentido contrário, com todo um conjunto de argumentos. Mas, se por índole ou convicção, persistissem nesse desígnio, sentavam-nas numa salinha à parte, onde a sua presença não perturbasse a liberdade dos homens. Por causa disso, Antónia de Sousa, quando entrou no vespertino Diário de Lisboa, foi sentada no sótão, no arquivo do jornal”, conta Maria João Martins, no artigo “Mulheres jornalistas, o longo caminho para a paridade”, publicado no Diário de Notícias.

Mas Antónia de Sousa haveria de desbravar caminho com o seu mérito e determinação, como tantas outras mulheres da sua época, até lugares de destaque na profissão. Trabalhou no Diário de Lisboa e no Diário Popular e foi autora de um série de programas na RTP, com Maria Antónia Palla, dedicados à condição feminina e ao papel da mulher portuguesa no período que se seguiu ao 25 de Abril.

Publicou em livro uma série de conversas que teve com Agostinho da Silva entre 1986 e 1987, “O Império Acabou. E Agora?” (Ed. Notícias, 2000) e foi presidente da Casa da Imprensa no biénio 1975-1976 – a única mulher a liderar a instituição desde a sua fundação, em 1925, até aos dias de hoje.