A Adesão da Ucrânia à União Europeu constituiria uma “mudança radical” na Europa e na repartição de fundos estruturais, afirmou esta sexta-feira, 15 de setembro, a Comissária Europeia para a Política de Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, em entrevista ao “Clube de Jornalistas 25_40_50“.
Esta é uma iniciativa que se realiza no âmbito dos 50 anos das comemorações do 25 de Abril e dos 40 anos do Clube de Jornalistas, em parceria com a Agência Lusa e a Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa, com o patrocínio da Associação Mutualista Montepio.
Depois da primeira entrevista de António Costa após a sua reeleição, em abril de 2022, seguiu-se uma conversa com Tiago Rodrigues, encenador e antigo diretor do Teatro Nacional D. Maria II, naquela que foi a sua primeira entrevista como diretor do Festival de Avignon.
Agora, Elisa Ferreira deu a primeira entrevista de um alto responsável europeu depois do Estado da União. Tal como nas edições anteriores, as perguntas ficam a cargo de quatro gerações de jornalistas: Francisco Sarsfield Cabral (jornalista freelancer), Helena Garrido (jornalista freelancer), Paulo Barriga (jornalista freelancer), Joana Nunes Mateus (Expresso) e Maria de Deus Rodrigues (Lusa), com Ricardo Costa (SIC) como pivot da emissão.
Neste entrevista, Elisa Ferreira lembrou que as mesmas preocupações foram levantadas em relação à adesão da Polónia, em 2004, mas que “as coisas foram-se resolvendo”. A comissária sublinhou que a necessária reconstrução da Ucrânia não é um problema, mas antes “uma grande oportunidade para as empresas que se queiram posicionar”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen defendeu, no discurso sobre o estado da União Europeia, uma reforma que permita a entrada da Ucrânia e de mais dois Estados na União Europeia, passando para 30 membros. “O futuro da Ucrânia está na nossa União”, afirmou no debate realizado no Parlamento Europeu.
A adesão à União Europeia da Ucrânia tem sido pedida repetidamente pelo Presidente daquele país, Volodymyr Zelensky, desde o início da guerra lançada pela Rússia em fevereiro do ano passado. O país já iniciou estando uma reforma legislativa e de combate à corrupção como primeiro passo para o pedido formal.
No entanto, o impacto dessa adesão tem levado alguns especialistas a alertar para as dificuldades de um país que está a passar por uma guerra e também para a possibilidade de o centro de atenção passar para o leste europeu. Com uma população a ronda os 40 milhões de habitantes, a Ucrânia tornar-se-ia no quinto maior membro da UE e o maior em área terrestre.
Para a comissária europeia, não se pode discutir apenas a questão dos fundos estruturais, é preciso “olhar para o conjunto”.
Problema de Portugal é falta de “qualidade de vida”
Elisa Ferreira falou também dos baixos salários em Portugal, que levam muitas pessoas, sobretudo jovens, a emigrar, reforçando que o problema em Portugal é “a falta de qualidade de vida”.
“A questão é saber se os salários permitem qualidade de vida. E percebemos que isso não acontece. Gerações qualificadas não conseguem encontrar empregos e esquemas de vida que garantam um mínimo de qualidade”, disse.
Para a comissária, a solução passa por olhar para a sociedade como um todo e por abordar, de facto, a questão da organização das pessoas no território. “A lógica muito típica que é dizer que ‘a culpa é do Governo’, mas há que olhar também para as empresas e a sociedade”.
Utilização em outros meios
A Agência Lusa disponibiliza a todos os seus clientes o vídeo das entrevistas, além do tratamento jornalístico que considerar adequado publicar, e esse material poderá ser utilizado livremente por todos os órgãos de Comunicação Social. O vídeo integral de cada uma destas entrevistas também estará disponível no YouTube e o áudio pode ser ouvido e descarregado no canal de Podcast do Clube de Jornalistas.