Julian Assange chegou a acordo com os EUA no caso Wikileaks e saiu em liberdade

Julian Assange nas primeiras horas em liberdade, a bordo do avião que o retirou do Reino Unido. Créditos: Wikileaks/X

Depois de 14 anos de batalhas legais para não ser entregue à justiça norte-americana, Julian Assange saiu ontem da prisão britânica de alta segurança onde estava detido deste 2019, para não mais voltar.

O fundador do Wikileaks – que em 2010 divulgou milhares de documentos militares secretos dos EUA, revelando abusos e ilegalidades das forças norte-americanas – não foi totalmente ilibado, mas está finalmente livre das acusações de espionagem que o poderiam condenar a prisão perpétua ou à morte nos EUA. O acordo firmado com os EUA obrigou-o a declarar-se culpado de uma acusação (conspiração para obter e divulgar documentos confidenciais da defesa nacional dos EUA), o que corresponderia a uma pena de 5 anos de prisão, considerada “já cumprida” na prisão britânica onde aguardava extradição.

O mundo ficou a conhecer Assange em abril de 2010, quando a Wikileaks publicou o vídeo de um ataque de helicóptero dos EUA contra pessoas desarmadas numa rua de Bagdad – entre os mortos nesse ataque estavam dois jornalistas da Reuters.

No ano seguinte, mais de 250 mil telegramas confidenciais de embaixadas dos EUA foram entregues pela Wikileaks a equipas de jornalistas do New York Times e Guardian, entre outros. Muitos desses documentos, revelando duras verdades sobre as guerras no Iraque e Afeganistão, chegaram à Wikileaks através do analista militar Bradley Manning (hoje Chelsea Manning), que em 2013 seria condenado a 35 anos de prisão. Esteve 7 anos preso, tendo sido libertado em 2017, com uma pena comutada pelo então Presidente Barack Obama.