José António Saraiva morreu esta quinta-feira, dia 6 de março, noticiou o Expresso, jornal de que foi diretor a partir de 1983 e durante mais de duas décadas. Tinha 77 anos.
Depois de deixar o Expresso, foi fundador do jornal SOL, em 2006, onde se mantinha como colunista. Na sua última crónica, intitulada “Não é uma Despedida”, publicada a 28 de fevereiro deste ano, dizia aliás que nunca se tinha sentido jornalista. Preferia ser “o arquiteto”, alguém que deixa uma obra palpável para a posteridade: “Um jornal compra-se e deita-se no caixote do lixo no dia seguinte. Um jornalista é um funcionário que pode influenciar pessoas, mas não deixa uma marca, um marco no lugar.”
No entanto, manteve a convicção de que “a imprensa escrita é um referencial de credibilidade, uma reserva de seriedade, um bastião”, ainda mais necessário em tempos conturbados como os que vivemos.
Nessa derradeira crónica recordou também todo o seu percurso no jornalismo: “Comecei a escrever nos jornais com 17 anos, por intermédio de Mário Castrim, no Diário de Lisboa Juvenil, que abria as portas aos mais jovens num suplemento cultural onde colaboraram pessoas como o António Mega Ferreira, o Júlio Henriques, o António José Teixeira, eu, o Manuel Raposo, a Alice Vieira, que é viúva do Mário Castrim, e outros mais que formaram uma geração de escritores e jornalistas. Depois colaborei em vários jornais, como o Diário de Lisboa, A Bola, o Espaço T Magazine, A República, o Portugal Hoje, até que um dia, em plena Praça do Rossio, em Lisboa, o Vicente Jorge Silva me convidou para ser colaborador do Expresso, onde eu já tinha longos artigos publicados e ele era chefe de redação.”
José António Saraiva nasceu em 1947, em Lisboa, e era formado em Arquitetura. Filho de António José Saraiva, ensaísta, historiador e crítico literário, e sobrinho do historiador José Hermano Saraiva, publicou diversos livros, como os romances O Último Verão na Ria Formosa e O homem que mandou matar o Rei D. Carlos.
Mas foi com o livro Dicionário Política à Portuguesa, e depois Confissões como diretor do Expresso, onde revelou “segredos” dos bastidores da política nacional, que alcançou maior sucesso editorial – e mais uns quantos inimigos.